segunda-feira, 25 de abril de 2011

A língua, remédio ou veneno ?

Um rico mercador grego havia convidado alguns amigos para um jantar. E para isso deu algumas orientações ao cozinheiro para que o banquete fosse inesquecível. O prato principal deveria ser o mais delicioso possível. Ele não devia preocupar-se com o preço. Um pouco antes do jantar, o mercador foi à cozinha para apreciar o famoso prato e ficou decepcionado. Tratava-se de um prato comum de línguas. Então esse é o prato mais delicioso? - quis saber.
E o empregado justificou sua opção. É com a língua que pedimos água, louvamos a Deus, dizemos o doce nome de mamãe. É com a língua que fazemos amigos, pedimos perdão, damos bons conselhos, consolamos, elogiamos as virtudes dos companheiros. É com ela que pronunciamos a frase mais maravilhosa possível: eu te amo.
Passado algum tempo, o mercador – um tanto curioso – mandou o cozinheiro preparar outro prato de comida. Desta vez queria o pior alimento. E mais uma vez, o prato escolhido foi língua. E para isso havia uma explicação lógica. É com a língua que enganamos o próximo, mentimos, amaldiçoamos, semeamos a discórdia e a malícia. Por causa da língua muitas famílias e comunidades foram divididas para sempre. Até guerras tiveram seu início com a palavra.
A língua humana é uma mediação, capaz do pior e do melhor. Nada é melhor, nada é pior... A língua humana é marcada pela ambigüidade. Ela pode matar, mas pode salvar. É veneno ou remédio. Ela revela aquilo que vai no coração. O próprio Jesus garantiu: “A boca fala daquilo que o coração está cheio” (Mt 12,34).

segunda-feira, 4 de abril de 2011